Hospital é voltado para atender planos de saúde e hospitais particulares; venda servirá para reduzir dívidas da Santa Casa, que está com problemas financeiros há anos.
A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, um dos mais tradicionais hospitais sem fins lucrativos da cidade, anunciou a venda da sua unidade particular, o Hospital Santa Isabel, para a Rede D’Or São Luiz por R$ 280 milhões. O negócio foi aprovado por unanimidade pela mesa administrativa da Irmandade da Santa Casa.
Segundo a Santa Casa, a direção vendeu a operação, apesar de ter preservado a propriedade do imóvel, para reduzir a dívida bancária e investir em melhorias ao atendimento dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A instituição está saneando seu endividamento bancário e com isso seguirá na busca de sustentabilidade, retomará a capacidade de investimento e atendimento aos pacientes do SUS, através da modernização e ampliação de nossas instalações”, disse o médico Vicente Renato Paoilillo, provedor da Santa Casa, através de nota.
Além dos R$ 280 milhões, a Santa Casa irá receber um aluguel anual pago pela Rede D’Or, que também irá diretamente para o senamento das dívidas. Além disso, a companhia compradora também vai investir em reformas de 3 mil metros quadrados do espaço para o atendimento dos pacientes vindos do SUS.
Segundo a Santa Casa, não haverá demissões no Hospital Santa Isabel, e os atuais colaboradores manterão as suas atividades normalmente.
Longa crise
A Santa Casa de São Paulo enfrenta uma crise financeira, pelo menos, desde 2014. Com isso, houve uma queda em diversos serviços prestados por um dos maiores e mais importantes centros hospitalares da capital paulista. Naquela época, salários de funcionários também estavam atrasados.
Porém, esse é um problema que atinge diversas Santas Casas espalhadas pelo País. Em abril, durante uma audiência pública, o presidente da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB), Mirocles Campos Véras Neto, estimou que a dívida dessas instituições ultrapassava os R$ 8 bilhões.
No caso da unidade de São Paulo, houve uma espécie de choque de gestão para fazer a Santa Casa sair do pior momento. Para isso, teve o apoio da Fundação Instituto de Administração (FIA) para criar um amplo processo de reestruturação organizacional.
No ano passado, entre as maiores dívidas da instituição estavam o empréstimo com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 360 milhões, e R$ 50 milhões com fornecedores e funcionários.
FONTE: André Jankavski, O Estado de S.Paulo